O storytelling é uma técnica narrativa muito antiga, que existe desde os primórdios da humanidade e deu origem a uma parte significativa do mundo que conhecemos hoje. Ele foi e continuará sendo um recurso atemporal e extremamente poderoso da expressão humana, afinal, somos a única espécie do planeta capaz de contar histórias e convencer por meio delas.
Desde sempre os humanos contam histórias, sejam elas orais, visuais, sonoras ou escritas. Antes do surgimento da linguagem verbal, por exemplo, o homem primitivo se expressava por meio de mímicas, danças, desenhos e ritmos. Ele caçava para sobreviver e depois, quase como uma espécie de ritual, comia a caça com seus companheiros ao redor da fogueira e compartilhava as experiências vividas com os membros da tribo.
Nós nos tornamos contadores de histórias a partir da infância, quando brincamos com diferentes narrativas, de forma instintiva, sem que ninguém tenha nos ensinado a fazer isso antes. As histórias também estão presentes nos nossos sonhos e em diversas outras situações do dia a dia, como no ambiente de trabalho. Afinal, o storytelling vem se transformando em uma ferramenta cada vez mais poderosa nos processos de gestão organizacional.
O storytelling nas empresas
Os executivos já começaram a entender o poder do storytelling no engajamento de suas equipes. Mas de nada adianta ter uma história poderosa para contar, se você não é capaz de estruturar uma narrativa que comunique, de fato, a mensagem desejada e tenha a linguagem adequada ao seu público. No final das contas, os líderes precisam criar uma identificação com as pessoas do time, alinhada aos valores e à cultura da empresa.
No contexto corporativo, o compartilhamento de histórias se tornou mais importante do que o compartilhamento de dados com os colaboradores. O líder capaz de construir uma narrativa que reflete suas escolhas, valores, crenças e caminhos trilhados tem uma poderosa ferramenta comunicacional e de engajamento nas mãos, porque quando as pessoas acreditam em uma história, elas realmente se envolvem.
Muitas pessoas constroem empresas, carreiras e negócios em função de suas histórias, porque elas sabem que o storytelling tem um poder de mobilização enorme. Na verdade, além de contadores de histórias, nós somos a história em ação, ou seja, somos um conjunto de narrativas de sucesso e fracasso, que ao mesmo tempo desnudam nossas fragilidades e mostram a força que temos.
Portanto, para que os colaboradores realmente se identifiquem com as suas histórias, você precisa enxergar as próprias fraquezas como algo que vale a pena ser compartilhado e que pode ajudar outras pessoas de alguma maneira. Mas o mundo digital em que vivemos, dominado pelas redes sociais, coloca alguns líderes na direção contrária da premissa do storytelling. Por medo, eles não se expõem de forma genuína e mostram apenas suas conquistas, assumindo o papel de super-heróis.
O elemento-chave das narrativas
O nosso interesse natural por histórias acontece por uma série de razões que podem ser explicadas pela ciência. O psicólogo Paul J. Zak, diretor e fundador do Centro de Estudos Neuroeconômicos da Universidade de Claremont, nos Estados Unidos, publicou um artigo na revista Harvard Business Review sobre essa curiosidade que existe desde os primórdios da humanidade.
Zak e sua equipe descobriram que nosso cérebro produz a oxitocina, também conhecida como o hormônio do amor, pois costuma ser liberada quando estamos perto de alguém com quem apresentamos afinidade. Quando isso acontece, os níveis de cortisol (hormônio do estresse) diminuem no organismo, aumentando a sensação de prazer, o bem-estar físico e emocional, os níveis de confiança e segurança e estimulando o senso de empatia.
Inclusive, estudos posteriores realizados por Zak e seu time provaram que a empatia, como elemento natural do cérebro humano, é a base do nosso interesse por histórias. Eles coletaram amostras de sangue de um grupo de indivíduos que, em seguida, assistiu a vídeos que contavam histórias. Ao final dos vídeos, coletaram novamente o sangue dos participantes e concluíram que havia uma presença maior de oxitocina nas amostras.
O estudo também mostrou que o nível de atenção das pessoas está diretamente ligado ao nível de tensão e suspense que a história é capaz de provocar. Não é à toa que hoje em dia produtores de filmes, séries e telenovelas têm explorado cada vez mais esse fator para criar narrativas que gerem maior identificação e engajamento do público. O storytelling pode ser usado de diversas formas e em contextos variados, tanto para o bem quanto para o mal.
Abrace a sua história
Quando somos capazes de contar uma história de forma genuína, isso demonstra autoconhecimento, que por sua vez gera autoconfiança, empoderamento, empatia e escuta ativa. A partir desse contexto, é possível influenciar verdadeiramente outras pessoas, e não com base em símbolos de status. Assim, conseguimos mostrar que somos reais, compostos por fraquezas e argumentos sólidos que resultaram na construção de um legado na nossa vida pessoal e profissional.
No entanto, muitas pessoas ainda temem contar suas histórias, por medo de manchar sua aura de perfeição. Elas acreditam que trazer as emoções e as fragilidades à tona é algo muito complexo e, por conta disso, vão acabar sendo rejeitadas. Esses paradigmas dificultam a existência de uma comunicação autêntica e natural, o que acaba gerando insatisfações, estresse, doenças e uma vida sem propósito.
Se você não consegue produzir com satisfação na sua vida pessoal e profissional e não se impõe com os seus valores, é impossível construir uma narrativa de sucesso. Portanto, abrace suas histórias com todo o carinho e a atenção que elas merecem e escolha aquelas que vão gerar o match perfeito com o que você pretende ensinar, solucionar, apoiar e, principalmente, inspirar.